Essa semana comecei a fazer pilates.
Foi uma decisão tomada de forma repentina levando em conta as dores que eu estava sentindo nas costas. Na primeira aula a professora falou algo que me marcou: “o pilates trabalha de forma sutil para atingir músculos mais profundos”.
Na hora percebi que era aquilo que meu corpo estava precisando: de sutileza. A dor é um sintoma de que algo não está legal, e que é preciso olhar para aquilo. Se você não olha, a dor não só aumenta, como se espalha. E o corpo vai dando novos e mais intensos sinais. E se o corpo não está se sentindo bem, disposto, sadio, como cobrar que ele nos devolva produtividade?
Mais ainda, como querer se sentir feliz, grato, alegre, quando o canal para receber isso está com problemas?
Na aula de Pilates eu me dei conta de que o que o meu canal precisava era de cuidado, de mais feminilidade, de sutileza, de calma.
Talvez você não saiba, mas em setembro do ano passado a vida da minha família virou de ponta cabeça quando descobrimos que meu marido estava com leucemia.
De lá pra cá eu lidei com tudo isso de forma bem racional. Tomamos decisões complicadas rapidamente, fizemos o que tinha que ser feito, precisei ser um suporte forte pra ele e pros meus filhos. Meu lado Yang – masculino, forte, prático – aflorou. E ele me foi bem útil nesse período.
Acontece que, por todo esse tempo, eu vivi como se estivesse sob ameaça. O estresse normal que devemos sentir na hora da “batalha”, do lutar ou fugir, era constante dentro de mim. E o meu corpo passou a me responder com tensão: meu pescoço vivia tensionado e minha região sacral e minha pelve, ressentidas.
Nesse período lancei mais 2 Desafios no meu Instagram e trabalhar nisso foi como uma válvula de escape. E foi quando o último desafio terminou que a minha mente também travou. Era mais um sinal de que algo precisava ser mudado.
Quando algo está doendo, é sábio, em vez de forçar, desistir ou de se sentir fraca, recrutar outros “músculos” para nos ajudar a levantar.
Foi isso que eu fiz, na aula de Pilates, quando a professora pediu para eu fazer a ponte: a força não teria que vir da pelve (onde doía), mas do meu tronco. E assim eu consegui levantar, sem dores.
Eu não preciso mais de tanta força, eu posso liberar as barreiras, deixar ser o que tem que ser. Me permitir ser cuidada, viver com mais calma, cuidar do meu feminino – que foi tão negligenciado nos últimos meses.
Lembre: sempre que um “músculo” estiver sobrecarregado, em vez de continuar forçando, dê a ele uma pausa e recrute outros músculos que provavelmente você nem lembra que tem.
Quando algo está doendo ou incomodando, olhe pra isso e pergunte: o que essa dor está querendo me dizer? E faça o exercício de olhar para o outro ponto: qual o contrário da tensão? Relaxamento. Como posso me sentir mais relaxada? O que eu preciso liberar? O controle? A necessidade de cuidar de tudo? Ter mais confiança, em mim e nos outros?
Um canal limpo transmite imagens muito mais claras e bonitas. Não ignore o que te dói e incomoda. Às vezes a mudança é algo muito sutil, mas que, assim como o Pilates, pode atingir camadas muito mais profundas.
Um ótimo domingo pra gente 🙂