Se engana quem pensa que minha casa – e minha vida – está sempre em ordem. Eu tenho dois filhos pequenos, e mesmo que fosse só meu marido e eu, uma casa com vida, vai ter bagunça. É ilusório pensar o contrário.
Mas é fato também que, no momento em que eu simplifico, as coisas tendem a ficar mais leves.
Até porque uma casa sem coisas em excesso será muito mais fácil de limpar e gerenciar a bagunça: as coisas tem um lugar para morar e, com isso, o tempo que levamos organizando é incrivelmente reduzido – e sabendo disso, a bagunça não gera aquele estresse de quando não sabemos nem por onde começar.
Simplificar não significa apenas retirar as coisas. Trata-se de abrir espaço para a vida que queremos.
Com menos desordem material e mental podemos focar naquilo que é mais importante pra gente – e ter menos distrações para lidar.
Eu busco simplificar porque aprecio ter tranquilidade e calma. Valorizo a pausa – entre a correria louca do fazer constante.
Quando eu organizo a minha rotina, e da minha família, de modo que existam espaços para não fazer nada – que várias vezes são preenchidos por brincadeiras, conversas ou simplesmente, o descanso – eu mostro para meus filhos que não estamos sempre com pressa. Que a vida pode ser vivida e apreciada sem estar sempre sendo preenchida por eventos, atividades e compromissos.
Eu sei que é tentador preencher a casa com coisas novas, ou a rotina com atividades que prometem trazer inúmeros benefícios. Fazemos isso querendo o melhor, pra gente, e pra eles. Mas é importante priorizar o tempo livre, principalmente, quando se tem crianças.
Dar a elas tempo e espaço para serem crianças, para brincarem livres, sem interferências. Pode ter certeza que, quando disponibilizamos isso, qualquer coisa vira um brinquedo em potencial. Se for na natureza então, fechou todas: galhinhos viram aviões, folhinhas viram comidinha, e assim elas vão criando, dentro da sua imaginação.
No seu livro Criação com Simplicidade, que eu recomendo quem se interessa pelo tema conhecer, o autor Kim John Payne, aborda a simplificação de quatro níveis: do ambiente, do ritmo, dos horários e a filtragem do mundo adulto.
O autor recomenda, e eu também aconselho sempre, começar pelo mais factível: o ambiente, e depois entrar para mudanças mais amplas.
Como é o ambiente dessa criança? Como é o quarto onde ela dorme? As coisas são simples e fáceis de organizar, ou existe um excesso no número de coisas?
Caos gera caos, e para uma criança ter que lidar com o excesso pode estar trazendo confusão para a sua cabecinha. Muitas opções e estímulos roubam-lhe tempo e atenção. Quando temos menos coisas para lidar ganhamos mais clareza, além de cuidarmos daquilo que temos com mais intencionalidade.
Assim como nós, nossos filhos também ficam sobrecarregados e isso pode estar sendo o reflexo de comportamentos desafiadores.
A busca pela simplicidade está bem além das coisas e o livro traz muitas camadas que valem a pena considerar, como o ritmo da rotina, e os horários que impomos.
Se queremos viver uma parentalidade mais leve precisamos olhar para isso. E nadar contra a corrente do excesso, da glamourização do mais e do acúmulo.
Nós somos os adultos na vida de nossos filhos, e como adultos que os amam, podemos limitar opções e escolhas, para que eles possam simplesmente serem crianças.
Um feliz dia das mães para todas as mães que me leem.
Um lindo e ótimo domingo pra gente!